sábado, 17 de janeiro de 2015

Ode abo

Nasci numa geração de merda
Nasci numa geração de merda
Nasci numa geração que vive a fazer broxes ao Bob Marley e a snifar de joint na mão
A culpa não era da minha geração, era das suas antecessoras que cultivavam um mito de respeito com base em valores vazios
A culpa é do Adão por foder a Eva
Eu vi a minha namorada a chupar a piça do meu pai
Os meus amigos a snifar aquela merda de dose de cavalo
Era uns filhos da puta, não tinham coragem de dar no cavalo, tinham medo de ficar em estado vegetal e de andar a pedir nas ruas
Eu nasci numa geração indrominada pelas gerações do passado
Uma geração cheia de certezas e de verdades absolutas
Dominada pela ciência
Uma geração apocalíptica e prestes a combater nas suas próprias vestes

Aquela merda de pessoa dominada pela moral
Como se o caminho percorrido tivesse que ser igual

Uma geração cheia de espelhos, mas que só consegue ver reflectido o rosto do diabo do resto das pessoas
Ela anda a fazer broxes ao diabo
mas não importa o que importa é que há sempre um julgamento sobre alguém para fazer e o próprio umbigo nunca pode ser descobrido
corre o risco de ficar com frio se for descoberto
aquele zig-zag e tic-tac
Eu vi as portas do inferno e a minha esporra a pintar as paredes da garganta dela, cheguei a pensar, por momentos, que a tinha engravidado pela boca
Que feliz que eu estava! Finalmente ia ser pai
mas aquela merda não engravidou grande coisa
sempre que ela abria a boca só saía merda
resta saber se era do meu sémen ou da adrenalina

Eu ainda ando por aí à procura da minha mente numa geração filha da puta
Onde o que importa é o que os outros pensam ou vão pensar
Onde o que importa é manter o estatuto e a cara lavada
Estes filhos da puta esquecem-se que até a freira do convento de mafra já teve a cara esporrada
Eles adoram o próprio umbigo
Já eu: caí na minha fonte seca quando me olhei ao meu espelho de água. Narciso.
Apocalipse. Tenho o cu a arder
De tanto foder - é o que esses filhos da puta pensam quando acabam de ler aquela merda
Aquela merda mentirosa e que não liberta
Estou farto de ser esquizofrénico sem patologia ou esquizofrenia
Apenas a sintonia apocalíptica
dessa verdade indecente
eu desci das vestes do diabo
eu engoli o sémen do diabo e ejaculei toda a hipocrisia
de ter me ver ao espelho sempre que fodia
Que puta de ironia
Aqueles filhos da puta compram livros de merda e não compreendem que aqueles livros de merda são realmente uma merda. O problema não é lerem livros de merda. É só lerem livros de merda e acharem que todos os outros livros são uma merda por serem filosóficos e difíceis de compreender. Esses filhos da puta dizem que Fernando Pessoa era maluco, que Mário de Sá-Carneiro era paneleiro e que nada presta. Esses filhos da puta erguem os livros que lêem e fazem questão de os recomendar a toda a gente e as pessoas vão ler aquela merda onde sereias fodem com princesas, fazem orgias com o diabo, amordaçam-se e fodem. Aquelas vacas ficam todas molhadas excitadas quando lêem aquela merda. Essas putas quando aparece algum autor do passado ou quando alguém diz uma palavrão activam a moral monge copista
e esquecem que foderam na noite passada com o gajo que conheceram na pista
que leram aquele livro de merda onde ela passava o tempo todo a chupar-lhe a piça
Essas vacas desinteressantes
drogadas
que só querem levar mocadas
essas vacas que só querem ser as rainhas e sentirem-se desejadas
eu vi a minha namorada a foder com o meu pai, a ficar com o cu sujo, com o cu cheio de sangue. Eu vi ela a engolir-lhe a piça até à glande
Eu vi aquela puta a dizer-lhe que era mesmo grande
Eu vi aquela vaca toda charrada a bater com o cu nas portas e a saltar para piroca daquele filho da puta de boné para a frente, daquele drug dealer só pela tesão arterial
eu vi aquela vaca fingir-se de santa
eu vi aquela puta levar-lhe prendas pelo natal
eu vi aquela otária ser indecente e adorar a rejeição
eu vi as lágrimas de sangue de tanto levar com a piça na glande

eu vi aquela sostra a ser moralista
depois de vir ter comido e de ter chupado uma piça
eu vi aquela histeria e hipocrisia
eu vi a mulher do padeiro a foder com o canalizador
eu vi a mãe do diabo a enfiar o cu no meu carro
eu fui ao caralho
dei tantas
que a minha piroca conspurcou-se
de tanto bater no fundo cheio de sangue

eu vi os baloiços cheios de sémen e de sangue
eu vi o padre a foder o cu das crianças
eu vi a minha sociedade a levantar as hastes da liberdade
e a prender o cu sempre que queria cagar
eu vi a minha sociedade a não conseguir cagar fora de casa
por viver castrada
eu vi a minha sociedade a estar duas semanas sem cagar
porque a merda não queria sair fora do conforto de casa
eu vi a mesma sociedade a chupar quatro piças numa noite
e a trocar números de telemóvel e a querer atenção
eu vi a minha piça a bater na minha mão
e acabei por deixar aquela cona presa ao corrimão
como se, de antemão, a tivesse que deixar cheia de sangue
agarrada ao diabo
eu vi aquela merda de hipocrisia
eu vi que nada do que eu acreditava era o que eu queria
eu já não podia fazer nada
nem os pensamentos que me assolavam da morte do suicídio me justificavam
já nada era razão
o absurdo foi a tese melhor provada que eu conheci
apenas a indiferença completa a esta merda escrita por deus que se diz o diabo
eu vi uma geração adorar o diabo sobre o nome de deus
esse gajo que quer unir povos e acaba a comer o cu aos meninos na catequese
eu vi a merda de um padre a bater uma punheta por baixo da batina e a dar no cavalo sempre que queria andar a montar a menina
eu vi a hipocrisia do luxo e do estatuto
eu vi uma geração a estudar cheia de vontade e achar que vai haver emprego
mal eles sabem que não há emprego nenhum
eu vi uma geração a achar que depois da licenciatura todos têm a obrigação de os tratar por senhores doutores mas acabam a fazer broxes ao diabo para subir na vida e a meter no cu tudo o que venha à rede mesmo que o deixe em ferida
Eu vi a minha geração com o cu a arder de tanto foder.

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